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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sensação de insegurança cresce, um ano depois

Em 2011, 56% dos paranaenses consideraram a falta de segurança o principal problema do estado. Agora, esse índice subiu para 61%


A sensação de insegurança tem feito com que muitos paranaenses mudem de comportamento, fiquem intranquilos quando os filhos estão na escola e tenham medo de ser vítimas de assalto. O cenário, resultado de um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas com 1,5 mil pessoas, que marca o fim da campanha Paz tem Voz, revela também que para 61% dos entrevistados a segurança pública é o principal problema a ser enfrentado – há um ano, 56% tinham essa percepção.
A maioria dos paranaenses (71%) também se sente menos segura do que há cinco anos e acredita que é necessário investir no treinamento dos policiais, melhorar a remuneração deles e contratar mais homens para mudar a realidade. Para especialistas, no entanto, é preciso paciência, pois a mudança acontece a longo prazo e não depende apenas da área de segurança.
Para o delegado Cláudio Marques, membro do Con­­selho Estadual de Direitos Humanos e pesquisador na área, existe uma incapacidade das pessoas em solucionar conflitos. Segundo ele, é preciso investir em trabalhos sociais, no maior diálogo e na melhoria da estrutura familiar, além de ações na segurança pública que garantam o atendimento ao cidadão.
“A partir do momento que a população perceber que pode ligar para o setor de emergência da polícia que consegue atendimento rápido, que tem policiais nas ruas, a tendência é diminuir [a sensação de insegurança]”, diz Silva, citando como exemplo o trabalho das Unidades Paraná Seguro (UPS).
Apesar de 69% dos entrevistados acharem que existe muita corrupção policial, as vítimas de crimes têm denunciado mais. De um ano para cá, o índice de paranaenses que acionaram a polícia em caso de residência roubada ou furtada, por exemplo, aumentou seis pontos porcentuais. Também cresceu de 39% para 46% o índice dos que acreditam que denunciando crimes irão colaborar mais com a segurança. “Mas não é pelo fato de estar denunciando mais que os paranaenses estão com menos medo. Estão acreditando que a polícia vai dar mais respostas para esse problema”, diz o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.
O sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná, considera preocupante o fato de 44% dos entrevistados consultados terem dito que deixam de fazer alguma coisa devido ao medo – eram 42,5% em 2011. Segundo Bodê, isso afeta a qualidade de vida e os próprios princípios democráticos de uma sociedade.
Soluções
Para aumentar a sensação de segurança, Bodê defende investimentos na área de proteção social, com acesso à Justiça, educação, emprego, saúde, entre outros. Também são necessárias melhorias nos sistemas judiciário e policial, modernizando a polícia, tornando o sistema mais atuante e confiável, deixando a Justiça menos morosa, entre outros.

O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Apli­­cada (Ipea) Almir de Oliveira Júnior, que coordenou um estudo sobre o assunto, afirma que a sensação de insegurança não está diretamente associada à atuação dos órgãos de segurança pública. “Nas regiões onde há investimentos mais maciços, a sensação de segurança não é necessariamente maior”, diz. Segundo ele, a população percebe que é preciso investir em um conjunto de fatores para produzir maior bem-estar e não somente em ações de polícia. “A sensação de insegurança só muda de forma mais substantiva a longo prazo”, conclui. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Bruna Maestri Walter

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