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domingo, 18 de dezembro de 2011

Um erro pode manchar tudo, diz secretário sobre segurança da Copa-14

Marcelo Camargo/FolhapressO secretário José Ricardo Botelho cede entrevista em Brasília

O secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, José Ricardo Botelho, terá a missão de comandar mais de 50 mil homens e administrar um orçamento de cerca de R$ 1 bilhão para proteger torcedores brasileiros e estrangeiros durante a Copa do Mundo de 2014.

Delegado da Polícia Federal, com curso em Harvard e no FBI, Botelho definiu que vai priorizar as armas não letais nos estádios e seus arredores. Trará cerca de 500 oficiais estrangeiros para ajudá- -lo e decidiu que as Forças Armadas terão uma função subsidiária no evento.

Pelo esquema de segurança montado por Botelho, em conjunto com autoridades de todo o país nas três esferas de governo, o Brasil terá até um plano de emergência para o caso de greves, como a que paralisou a construção de estádios na África do Sul às vésperas do início dos jogos.

"Não tenho uma preocupação maior do que outra. Qualquer falha é crítica. Um pequeno erro pode manchar tudo. Por isso estamos pensando muito, nos estressando. Tudo é uma preocupação. Mas estamos seguros no nosso trabalho. A integração com todas as instituições está ótima", afirmou o baiano de 37 anos no seu gabinete em Brasília na quarta-feira.

Folha - Quantos homens vão trabalhar na segurança da Copa do Mundo de 2014?

José Ricardo Botelho - A ideia inicial é contar com uma média de 45 mil a 50 mil homens de segurança pública trabalhando no Mundial. Não estão computados os homens que cuidam do trânsito nas cidades, da inteligência. Estamos fechando esse número com os Estados.

Quais novidades tecnológicas o Brasil vai ganhar na área de segurança para a Copa?

Estamos priorizando a utilização da tecnologia não letal. Vamos usá-las nas proximidades das áreas da Copa, o que engloba também as Fans Fests [eventos organizados pelas cidades-sedes e pela Fifa para a transmissão de partidas em locais públicos].
Essas armas pretendem parar um agressor na medida certa e adequada. Tem uma série de kits, pistolas elétricas, sprays de pimenta. A grande vantagem é imobilizar a pessoa e evitar mortes.
Também vamos usar muito os serviços de inteligência. Já fizemos uma análise de risco junto com todos os Estados. As grandes cidades têm uma quantidade imensa de câmeras. O que vamos fazer é puxar as imagens para os centros de segurança, que serão outra grande novidade.

Policiais estrangeiros também vão trabalhar aqui?

Quase 500 homens. Criaremos um centro de comando integrado internacional, que deve ficar no Rio sob coordenação da Polícia Federal. Vamos trazer ao centro dez representantes de cada um dos 31 países que vão jogar a Copa, dez representantes de países que não disputam o Mundial mas fazem fronteira e representantes de países que não vão jogar, mas são estratégicos por terem feito um grande evento.
Esses homens podem usar a farda deles, mas sem arma. Eles só vão atuar junto com o poder público brasileiro.
Se tivermos problema com um alemão dentro do estádio, um policial deles fardado vai até ao torcedor e diz, sem a barreira da língua, que ele está causando um problema.

Na África do Sul, policiais e operários entraram em greve às vésperas do início da Copa. O país tem um plano para o caso de uma greve parar o Brasil durante o Mundial?

Estamos preparando um plano de contingência para usar a Força Nacional ou a Defesa em caso de atingir a segurança pública. Fora isso, se houver qualquer tipo de greve, estamos verificando qual instituição pode assumir e realizar aquele serviço.

Qual será o papel das Forças Armadas?

Todas as instituições serão respeitadas nas suas atribuições constitucionais. As Forças Armadas têm papel fundamental no que diz respeito ao espaço aéreo, na proteção em áreas fundamentais para os jogos e para o país, como as regiões de transmissão de energia, e em questões químicas, biológicas e nucleares. A atuação nos grandes eventos é assunto de segurança pública. As Forças Armadas vão atuar de maneira subsidiária.

A Fifa não gosta de policiais nos estádios. Eles querem segurança privada nas arenas. Como vocês lidarão com isso?

Existe uma cultura internacional privativa. O modelo deles é aquele que observa e auxilia os torcedores. No Brasil, o poder público sempre esteve presente. Chegamos num parâmetro híbrido. O segurança privado estará lá, mas o poder público estará lá também. O segurança privado vai ficar na arquibancada, vai orientar o público, mas não tem poder de polícia. Se o torcedor não se comportar, quem vai tirar o torcedor do estádio é a polícia.

Qual é a parte mais crítica da segurança da Copa?

Não tem uma preocupação maior. Qualquer falha é crítica. Um pequeno erro pode manchar tudo. Mas estamos seguros no nosso trabalho. Fonte: Folha Online, reportagem de Sérgio Rangel

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