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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Marina anuncia saída do PV e diz que é hora de ser 'sonhático'


Guilherme Leal (à esq.), Marina Silva e Ricardo Young (à dir.), que hoje anunciaram a saída do PV - Eduardo Enomoto/News Free/Folhapress
A ex-presidenciável Marina Silva anunciou nesta quinta-feira, em ato público, sua saída do PV e afirmou que o momento não é de ser pragmático, mas sim "sonhático".

"É preciso reagir e chamar mais e mais pessoas para um grande debate nacional sobre o nosso futuro. É essa a causa que nos move e nos faz reconhecer que o propósito de levar adiante por meio do PV, na forma em que foi estruturado, não foi possível. Vamos nos reencontrar com nosso potencial para mudar o que precisa ser mudado e preservar o que precisa ser preservado."

Ela negou ser uma saída pragmática, com olhos postos no calendário eleitoral. "O que está sendo feita é uma tentativa de botar remendo novo em roupa velha. Não tem nada de messianismo, é enxergar a realidade. Messianismo é negar a realidade e achar que ela vai se transformar com um passe de mágica. Ainda que o calendário seja importante, ele é parte de uma trajetória, é um ponto em uma reta. Não cabe orientar nossa ação de eleição em eleição. Ele é parte, não é o todo."

"Nosso debate não pode ser 2014. Quando me perguntam: E aí 2014? Eu digo não sei, estou sendo sincera. Para mim a política é um processo vivo, nasce da relação entre os agentes políticos, não é fruto de engendramentos a priori, onde as pessoas ficam na cadeira cativa de candidatos, atitudes, tudo já direcionado para o próximo passo político. Também estou pensando qual é a melhor forma de contribuir para a construção do mundo que queremos."

Marina também falou sobre sua eventual candidatura em 2014. "Vou dizer a priori que não sou? Se digo que não sei, não posso dizer que não sou. Mas digo com certeza que esse projeto de uma nova forma de fazer política esteja tão forte e poderoso que tenha um candidato à altura. Se for outro que não eu, e espero que não seja, pode contar com o meu voto. Agora é a hora de ir mais fundo, a hora da verdade para nós e para a sociedade."

A ex-senadora destacou que os partidos continuam sendo importantes. "Sabemos de sua importância, de seu papel, mas não podemos fechar os olhos para seus desvios. Devemos exigir que saiam de suas velhas práticas e acordem para o presente. Espero que esse movimento possa ajudar nessa transformação. Quando me perguntam o que vou fazer com os 20 milhões de votos, eu dizia que os votos não são meus. Não é uma herança, é um legado."

Marina afirmou ainda que as políticas sociais e econômicas que estão dando certo "devem ser mantidas sem medo de dar crédito ao Fernando Henrique [Cardoso], Itamar [Franco], que já não está entre nós, ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma".

"A gente começa os processos com grandes ideais, o problema é que a gente põe o ideal na popa, como um efeito, um adorno. O ideal tem que estar na proa, a nos guiar. Não é um símbolo. Símbolo é coisa morta, usada por qualquer um de acordo com seus interesses. O ideal tem que estar dentro de nós, a nos mover."

GABEIRA

Durante o evento, o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) participou via Skype e afirmou que os partidos estão muito desgastados e cada vez mais distantes da população. Segundo ele, o movimento que surge hoje é importante porque representa uma resposta a um problema fundamental dos últimos anos.

"Como aproximar sociedade dos grandes temas, fazer com que exista a possibilidade de participação política de muitas pessoas que querem participar mas não encontram forma de fazê-lo de maneira ética."

Para ele, é necessário, em certos momentos, atuar nas instituições, no Congresso, no Senado. "Vamos olhar partidos com as suas limitações ou tentar criar um novo? Essa é uma questão fundamental", disse. "Foi fundamental para o PV que Marina fosse sua candidata. Ele estava em situação determinada e de repente se ligou a milhões de pessoas que de outra maneira não votariam nele."

Gabeira, no entanto, negou que sua declaração no ato político signifique que ele tenha deixado o PV. "De jeito nenhum [saiu da legenda]. Eu apenas manifestei meu apoio ao movimento que a Marina está iniciando. Mesmo com a saída dela agora, acredito e trabalho para uma reconciliação dela com o partido no futuro", disse à Folha por telefone.

PV

Desgastada após tentar, sem sucesso, mudar a direção nacional do PV, Marina se desfilia contrariando a opinião de aliados próximos, como o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ). Ele ainda considera ser possível alterar a estrutura da sigla.

Segundo aliados da ex-senadora, tanto o PV quanto Marina perdem com a sua desfiliação da sigla. Para ela, faltará visibilidade e estrutura partidária para os planos eleitorais de 2014. Já os verdes se desvinculam dos 20 milhões de votos obtidos por ela nas eleições presidenciais do ano passado.

A Folha antecipou sua disposição de sair do PV em 19 de março, depois que o presidente do partido, José Luiz Penna, liderou manobra na Executiva Nacional para prorrogar o próprio mandato.

A ex-senadora passou três meses em conflito aberto com a cúpula da legenda. Decidiu sair ao constatar que não teria os votos necessários para afastar o dirigente.

Também deixam o PV seu ex-vice Guilherme Leal, o coordenador da campanha de 2010, João Paulo Capobianco, e o ex-candidato ao Senado Ricardo Young. Fonte: Folha Online

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