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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ação e reação

Atendimento do INSS causa estresse em trabalhadores

“Dá vontade de dar uns tapas no perito, não sei como alguém não fez isso ainda”, o comentário é de Joel Barbosa, 41 anos, que só conseguiu que a Previdência Social pagasse seus benefícios através de uma liminar. Seu desabafo exemplifica a revolta de trabalhadores que recebem resultado negativo depois de uma perícia do INSS. Funcionário de um fábrica de peças, Barbosa ficou afastado do trabalho durante 11 meses, depois de fazer uma cirurgia nas mãos por causa de uma Lesão Por Esforço Repetitivo (LER). Ao voltar ao seu posto, começou a sentir dor na outra mão. A suspeita era de que tivesse desenvolvido artrose.

A primeira perícia do INSS, em março de 2009, não identificou nenhum problema, mas o médico da empresa disse que ele não estava apto para voltar ao trabalho. Barbosa marcou nova perícia, mas os servidores entraram em greve. Na terceira tentativa, foi informado de que o perito não o atenderia. “Me disseram que ele não conseguiu chegar porque o carro dele estragou.”

A nova consulta só aconteceu seis meses depois e a perícia não apontou nada. A empresa resolveu então contratar um advogado para restabelecer o benefício do empregado. Ao todo, o trabalhador ficou sete meses sem receber. “Por sorte tenho casa própria e a minha família é solidária. De qualquer forma é triste trabalhar 21 anos com carteira assinada e ser tratado dessa forma”, lamenta.

Trabalho precário

Para o advogado Sidnei Machado, a reação dos trabalhadores é compreensiva pelo grau de estresse que o atendimento no INSS causa. “Eles têm de acordar de madrugada e ficar horas na fila. O atendimento é desumano, justamente quando eles estão mais frágeis e impotentes.” O advogado lembra ainda da condição de trabalho dos peritos, que têm uma carga horária elevada de trabalho. “O atendimento precisa ser humanizado e quem sabe até contar com uma assistente social.”

A psiquiatra Maria Amélia Ferreira Tavares, coordenadora da clínica da Associação Paranaense dos Familiares e Portadores de Esquizofrenia e Transtorno Bipolar (Apafape), diz que 80% dos pacientes que atendem em seu consultório e são encaminhados ao INSS recebem laudo negativo. “E quando os pacientes questionam o parecer, os peritos chegam a sugerir que eles troquem de médicos, que passem a consultar com um médico do SUS, porque os particulares não têm credibilidade”, conta.

A assessoria da Previdência Social informou que os dois médicos chefes da perícia do INSS, que poderiam falar sobre o atendimento, não estavam disponíveis. Um deles estava de férias e o outro de licença. A assessoria também disse que o instituto não vai se manifestar sobre o projeto de lei. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Aniela Almeida

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