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domingo, 16 de janeiro de 2011

Pai alimentava filho com saliva durante o tempo que ficou soterrado no RJ, diz hospital

Resgate do bebê encontrado com vida em Nova Friburgo (RJ) após ficar soterrado com o pai - Foto: Diana Brito/Folhapress

A diretora-administrativa da maternidade de Nova Friburgo (RJ), Maria José de Jesus Reis, 53, disse que Nicolas Barreto, o bebê de seis meses que ficou mais de 14 horas soterrado, se manteve saudável e hidratado porque sugava a saliva do pai, Wellington da Silva Guimarães, 25. Os dois foram resgatados com vida pelos bombeiros na noite de quarta-feira (11).

"O pai contou que sobrou um espaço para ele ficar em pé com o bebê embaixo dos escombros. E disse ainda que ficou dando saliva com a língua para o filho sugar", afirmou à Folha a diretora.

De acordo com os médicos da maternidade, a criança ficou comportada o tempo inteiro e mesmo sem fralda, apenas com uma blusinha azul, sequer se sujou.

"O Nicolas só tinha uma pequena escoriação no rosto. Chegou rindo e se alimentando na maternidade. Sempre concentrado no que o pai estava fazendo, ele comeu frutinha e dormiu muito bem. A gente fica emocionada o tempo inteiro só de contar", disse a diretora.

Os dois foram liberados pelos médicos no dia seguinte da tragédia. Já a mulher de Wellington, Renata Gomes Costa, 28, e a mãe dela não resistiram aos ferimentos e morreram no local.
TRAGÉDIA

O número de mortos em consequência das chuvas em cinco municípios da região serrana do Rio chegou a 613 na noite de sábado (14), segundo balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil. Equipes ainda buscam vítimas.

As mortes ocorreram em Nova Friburgo (274), Teresópolis (263), Petrópolis (55), Sumidouro (19) e São José do Vale do Rio Preto (2). Inicialmente, a Prefeitura de São José do Vale do Rio Preto havia informado que quatro pessoas haviam morrido na cidade, mas a informação foi corrigida na tarde deste sábado.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), decretou neste domingo estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal.

No sábado (15), o governador já havia decretado luto oficial de sete dias no Estado e de três dias no Brasil.


RISCO

Reportagem publicada na edição de sábado (15) da Folha mostra que um estudo encomendado pelo próprio Estado do Rio de Janeiro já alertava, desde novembro de 2008, sobre o risco de uma tragédia na região serrana fluminense.

A situação mais grave, segundo o relatório, era exatamente em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os municípios mais devastados pelas chuvas e que registram o maior número de mortes. Essas cidades tiveram, historicamente, o maior número de deslizamentos de terra.

O estudo apontou a necessidade do mapeamento de áreas de risco e sugeriu medidas como a recuperação da vegetação, principalmente em Nova Friburgo, que tem maior extensão de florestas. O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de áreas de risco foi feito, faltando "apenas" a retirada dos moradores, e que os parques florestais da região também foram ampliados.

O coordenador de Defesa Civil de Petrópolis afirmou que o aviso passado pelos institutos de meteorologia não foi suficiente para disparar o sistema de alerta da cidade.

Segundo o coronel Carlos Francisco De Paula, a previsão repassada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), com possibilidade de ocorrência de chuvas moderadas a fortes, não dava a dimensão da chuva que acabou devastando boa parte das cidades serranas. Fonte: Folha Online, reportagem e foto de Diana Brito

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