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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

500 agentes penitenciários paralisam atividades em protesto contra a morte de colega

Dos 1,5 mil agentes que trabalham em Curitiba e região metropolitana, os 500 que estão na escala nesta quinta-feira estão nas unidades sem realizar nenhuma atividade. Sindicato diz que não orientou a ação

Dos cerca de 1,5 mil agentes penitenciários que trabalham em Curitiba e região, os 500 que estão na escala de trabalho desta quinta-feira (6) suspenderam as rotinas dentro das unidades. Ou seja, os agentes estão nos postos de trabalho para cuidar dos presos, mas não há movimentação, como banho de sol e atendimento, em nenhum presídio da região.

De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), a ação não foi orientada pela entidade. Foram os próprios agentes que decidiram fazer a manifestação como forma de protesto e em solidariedade ao colega Carlos Alberto Pereira, de 52 anos, o Federal, que foi assassinado na terça-feira (4).

Representantes do Sindarspen estão reunidos com a secretária de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes. No encontro, que começou por volta das 9h30 desta quinta, devem ser discutidos assuntos referentes a morte de Pereira, ações do governo que garantam mais segurança aos agentes dentro e fora dos presídios, a profissionalização da administração penitenciária e a regulamentação do porte de arma para esses profissionais.

Morte é a oitava em dois anos

De acordo com o vice-presidente do Sindarspen, Antony Johnson, oito agentes foram assassinados no estado nos últimos dois anos. A morte de Pereira foi a primeira do ano. “As ameaças que sofremos diariamente no interior das unidades penais estão se realizando. Precisamos de apoio, precisamos do porte de arma. Não queremos usá-las dentro das penitenciárias, mas fora, para se defender”, diz.

Pereira foi assassinado enquanto pintava o portão da própria casa, no bairro Fazendinha, em Curitiba, na tarde de terça-feira (4). Ele já havia sido chefe de segurança do antigo presídio do Ahú e da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Para a polícia, a principal hipótese é de que o assassinato de Pereira esteja relacionado à atuação dele como agente. De acordo com a Delegacia de Homicídios, Pereira estava de férias e pintava o portão da residência quando foi surpreendido por um homem encapuzado que abriu fogo. O agente foi atingido por dois tiros na cabeça e um no tórax e morreu no local. No carro dele, que estava estacionado na garagem, também havia sinais de disparos.

“Não resta dúvida de que se trata de uma execução. Pelas circunstâncias, de imediato, relacionamos o crime com a atividade profissional da vítima. Esta é a principal hipótese”, disse o superintendente da Delegacia de Homicídios, José Carlos Machado.

Familiares da vítima disseram à polícia que Pereira nunca revelou ter recebido ameaças, nem comentou algo que pudesse justificar o crime. “Além de ouvir familiares, procuramos pessoas que possam ter visto elementos que nos ajudem a entender a dinâmica deste homicídio”, disse Machado.

Segundo informações repassadas à polícia, o autor do crime teria estacionado um carro de cor escura próximo à casa de Pereira. O assassino teria caminhado até o local onde a vítima estava, efetuado os disparos e retornado ao veículo para fugir. “Fizemos buscas por câmeras de segurança que pudessem ter captado os movimentos deste carro, mas não encontramos”, disse o superintendente.

Durante o velório e enterro de Pereira, agentes penitenciários fizeram uma manifestação na tarde de quarta-feira (5), pedindo a liberação do uso de armas de fogo pela categoria. Carregando faixas e cartazes, cerca de 50 agentes que estiveram no velório fecharam por cinco minutos a Rua João Bettega, nas imediações do cemitério Jardim da Saudade, onde o corpo foi enterrado. “Agentes Penitenciários: categoria unida por mais segurança para os trabalhadores”, dizia uma das faixas. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Diego Ribeiro e Fernanda Trisotto

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