Participe da comunidade do meu Blog

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sociologia precisa de equações, dizem prêmios Nobel em SP

Temas: eleições, diplomacia, história. Os especialistas: matemáticos --todos ganhadores do Nobel de economia, sendo um deles John Nash, que inspirou o filme "Uma Mente Brilhante".

Nada de estranho, dizem. Eles usam a teoria dos jogos --o estudo matemático sobre como pessoas escolhem estratégias--, e acham que ela será muito útil às ciências sociais neste século.
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
John Nash e outros três Nobel de economia participam de seminário realizado na USP sobre a teoria dos jogos

"O tratamento matemático precisa de pressupostos claros, e isso leva a conclusões por consequência lógica", diz Robert Aumann, da Universidade Hebraica (Israel).

"Com palavras, você se convence de qualquer coisa. A matemática promove uma disciplina de pensamento."

Nash, aos 82, esteve hoje na USP para o encontro que reuniu cientistas que trabalham com teoria dos jogos. Recuperado da esquizofrenia, diz que foi hospitalizado contra a vontade e ataca a eficácia do procedimento.

A área que Nash ajudou a fundar permite comparar, por exemplo, tipos de votação. Se as pessoas votam em apenas um deputado, é mais fácil ser eleito com um discurso específico, focado em um grupo de eleitores (defendendo direitos gays ou maiores salários para policiais).

Se os eleitores fazem uma lista com três nomes, é preciso o triplo de votos para vencer. Discursos de interesse geral (como crescimento econômico ou menos impostos) tendem a ter mais sucesso.

Nesse caso, é fácil prever o resultado da modelagem matemática. Em sistemas sofisticados, os resultados de mudanças nas regras do jogo são mais imprevisíveis. A matemática, aí, faz previsões que a reflexão não atinge.

A ideia não é desprezar as ciências sociais, diz Roger Myerson, da Universidade de Chicago. "Li autores de política. Ele mostram quais questões institucionais importantes estudar." Ele pesquisou a República de Weimar, da Alemanha pré-Segunda Guerra. O sistema político era generoso com quem adotasse estratégias autoritárias.

Nash diz que gostou do filme sobre sua vida, mas que ele não é fidedigno. A cena em que está no bar e as garotas do local o fazem ter um insight é invenção do roteirista. "E ele ganhou um Oscar." Fonte: Folha Online, reportagem de Ricardo Mioto

Nenhum comentário: