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domingo, 25 de abril de 2010

Irregularidades na Assembleia levam 10 para a prisão

Ex-homem forte da Assembleia, Abib Miguel tinha máquina de triturar documentos em casa. Claudio Marques foi detido com R$ 200 mil e seis armas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desencadeou nesta sábado (24) a Operação Ectoplasma I, para cumprir nove mandados de busca e apreensão e dez de prisão de pessoas envolvidas em irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná. Foram presos três ex-diretores da Casa – Abib Miguel (diretor geral), José Ary Nassiff (diretor administrativo) e Claudio Marques da Silva (diretor de pessoal) –, e mais sete pessoas. Novas prisões podem ocorrer nesta semana.

Os diretores foram afastados após o início da série de reportagens “Diários Secretos”, da Gazeta do Povo e da RPC TV, em 15 de março passado. Os mandados foram expedidos pelo juiz Aldear Sternardt, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba, a pedido do Ministério Público, que fundamentou a ação nos indícios dos crimes de formação de quadrillha para falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro praticado por funcionário público). O juiz decretou segredo de Justiça para o processo.

Ao todo, os policiais apreenderam 73 carros; cerca de a R$ 250 mil em dinheiro (em reais, dólares e euros); um computador; um triturador de papéis; documentos picotados; seis armas e munição de uso restrito das Forças Armadas.

Ex-homem forte da Assembleia Legis­­lativa, onde trabalhou desde os anos 80, Abib Miguel foi detido em sua casa de três andares e forte esquema de segurança, no Seminário. Bibinho, como é mais conhecido, foi de camburão para a sede do Gaeco, em Curitiba. Deixou a casa aparentando tran­­quilidade. Os policiais recolheram do local aproximadamente R$ 50 mil em dinheiro, um triturador de papel e documentos picotados, além de um computador. R$ 10 mil estavam no porta-luvas de um dos carros do ex-diretor.

O ex-diretor de pessoal Claudio Marques da Silva, por sua vez, foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. A polícia encontrou em seu apartamento seis armas de cano longo e munição de uso restrito do Exército, além de R$ 200 mil em dinheiro, espalhados em vários locais da casa. Marques disse que sacou o dinheiro por conta do processo de separação de sua mulher. O terceiro ex-diretor afastado detido ontem é José Ary Nassiff, que cuidava da área administrativa. Era braço-direito de Bibinho e sócio dele em uma empresa de pedra britada.

Temporário

Os mandados de prisões e de busca e apreensão foram autorizados com a justificativa de facilitar as investigações. As prisões são temporárias, por cinco dias prorrogáveis por mais cinco.

Demais envolvidos

Além dos ex-diretores, foram detidos o funcionário efetivo da Assembleia João Leal de Mattos e seis pessoas da família dele. Mattos era ligado a Bibinho e trabalhou no Legislativo paranaense por mais de 20 anos, lotado no gabinete da diretoria-geral. Ele é ir­­mão da agricultora Jermina Leal, que mora em casa humilde de Cerro Azul, é beneficiá­ria do Bolsa-Família e afirma nunca ter trabalhado na Assembleia.

Na conta bancária dela, no entanto, a Assembleia depositou R$ 380 mil durante quase cinco anos. A conta da filha de Jermina, Vanilda Leal, que mora nas mesmas condições perto da mãe, recebeu aproximadamente R$ 1,2 milhão no período. As duas foram detidas ontem. Além delas, também foram presas a cunhada (Nair Terezinha da Silva Schibicheski), a filha (Priscila da Silva Mattos), a sogra (Maria José da Silva) e a esposa (Iara Rosane da Silva) de João Leal. As quatro receberam da Assembleia depósitos que totalizam pelo R$ 4 milhões num período de cinco anos.

Segundo o coordenador do Gaeco do Paraná, promotor Leonir Batisti, o esquema desviou dinheiro público por meio da família Leal, cujos integrantes se recusaram a colaborar com as investigações.

Os presos não prestariam depoimento no sábado. Abib e Nassiff , por serem advogados, seriam transferidos para uma sala do Estado Maior da Polícia Militar. Os demais homens serão levados para o Centro de Triagem II, em Piraquara, e as mulheres para o Centro de Triagem I, no centro de Curitiba.

Ação

Participaram da Operação Ectoplasma 1 cerca de 50 policiais e promotores de seis cidades (Curitiba, Guaíra, Cascavel, Foz do Igua­­çu, Guarapuava e Londrina). As prisões fo­­ram realizadas em Curitiba, na região metrolitana e no litoral.

Os 73 automóveis apreendidos estavam em um terreno que pertenceria ao jardineiro de Bibinho, Izidoro Vosilk. Há cerca de 25 carros antigos, de coleção, que irão ficar, perante à Justiça, sob a responsabilidade temporária de Bibinho. A polícia quer saber de onde saiu o dinheiro para comprar a frota.

Defesa

Os advogados dos envolvidos foram procurados pela reportagem, mas não quiseram comentar as prisões.Fonte:Gazeta do Povo, reportagem de Katia Brembatti, Karlos Kohlbach, James Alberti e Gabriel Tabatcheik

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