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domingo, 31 de janeiro de 2010

PAC não avança e projetos somem

Das 20 principais obras previstas para o Paraná, apenas três foram concluídas. Sete estão empacadas e dez em andamento

Lançado há três anos com a intenção de “romper barreiras e superar limites”, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem falhado em seus objetivos. No Paraná, o principal projeto do governo federal – e que deve servir de vitrine para a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência – está desacelerando.

O balanço mais recente mostra que o estado deixará de receber R$ 1,3 bilhão em investimentos em relação ao previsto quando o progra­­­­ma foi lançado, em 2007. A maior parte disso (R$ 800 mi­­lhões) seria aplicada em um poliduto ligando o Mato Grosso do Sul a Pa­­­­ranaguá. Sem viabilidade econômica, o projeto foi deixado de la­­­­do. Também foram retirados cerca de R$ 500 milhões em investimentos na malha ferroviária paranaense.

Além dos entraves financeiros, obstáculos ambientais e má gestão de contratos têm atrasado o cronograma. No Paraná, metade dos grandes projetos do PAC está paralisada por esses motivos. Segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo, pouca coisa mudou nos últimos seis meses.

Dos 20 maiores projetos, que somam R$ 16,6 bilhões em investimentos, somente três foram concluídos: as concessões de trechos das BRs 116 e 101 – e isso ocorreu há dois anos. Do restante, seis obras estavam empacadas em ju­­­lho de 2009 e continuam na mesma situação (veja quadro). Outro empreendimento, que há seis meses apresentava avanços, agora está parado. O restante continua evoluindo, mas ao estilo “trancos e barrancos” – até mesmo a intervenção direta do presidente Lula foi necessária para evitar a paralisação (leia na página se­­­guinte).

Subiu no telhado

O poliduto que ligaria o Mato Gros­­so a Paranaguá foi descartado de vez. De acordo com a assessoria de imprensa da Petrobras, “os estudos indicaram que os volumes a serem produzidos na área de influência do citado alcoolduto não justificariam economicamente o investimento requerido”.

Com custo estimado em R$ 800 milhões, os estudos para a viabilidade do poliduto foram anunciados com pompa em março de 2008. Em um evento em Foz do Iguaçu, o presidente Lula, os governadores do Paraná e do Mato Grosso do Sul, Roberto Requião (PMDB) e André Puccinelli (PMDB), e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, assinaram um termo de cooperação para a realização dos estudos. A justificativa para o em­­preendimento era o futuro promissor que o álcool combustível teria para as exportações brasileiras. O duto também transportaria derivados de petróleo do Paraná para o Mato Grosso do Sul.

Na época, Lula declarou que o duto aumentaria a competitividade do álcool brasileiro no exterior. “Todo mundo sabe que o Brasil será invencível nessa disputa, porque temos terra, água, tecnologia e 30 anos de acúmulo de conhecimento. Portanto, somos imbatíveis”, falou na ocasião.

O Brasil ainda terá um alcoolduto para o transporte do etanol. Mas ele ligará as cidades de Sena­­­dor Canedo, em Goiás, ao porto de São Sebastião (SP). O empreendimento deve custar R$ 1,5 bilhão e entrar em operação em 2011. No Paraná, produtores e usinas ainda planejam construir um duto entre Maringá e o Porto de Paranaguá. Mas, com a crise do ano passado, os estudos foram paralisados.

Trem

A variante ferroviária ligando Guarapuava a Ipiranga, prevista no PAC, nunca recebeu apoio do se­­­tor produtivo nem do governo do Paraná. Desde que o projeto foi lançado, a Ferroeste defende a cons­­­­­­trução de uma nova ferrovia entre Gua­­­rapuava e Paranaguá. Por diversas vezes, o governo estadual anunciou que essa linha seria contemplada com recursos do PAC, mas os textos do governo ainda não foram modificados. “Não sei por que ainda consta essa va­­­riante de Ipiranga. Esse projeto só existe na ca­­­­­­­­beça de um burocrata de Bra­­sília”, afirma Samuel Go­­mes, presidente da Ferroeste – empresa de economia mista do governo do Paraná.

A opção defendida por Gomes custaria cerca de R$ 985 milhões. “Se tiver de ser gasto dinheiro do PAC com algo, tem de ser com esse projeto. Mas, se não tiver recurso federal, a gente vai financiar, pois o empreendimento se paga em poucos anos”, garante. Fonte: Gazeta do Povo, reportagem de Rosana Félix

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