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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Poucos alunos dispensam o ensino religioso em Maringá

A frequência nas aulas de religião é facultativa, mas de cada 35 alunos da rede estadual, apenas 3 não fazem a matéria. Professores observam: a disciplina não pode ser catequese

As escolas de educação básica são obrigadas a ofertar a disciplina de ensino religioso, mas frequentar as aulas é facultativo. O Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá estima que nas turmas das 5ª e 6ª séries, compostas por cerca de 35 alunos por sala, em média apenas três estudantes de cada turma preferem não cursar a disciplina.

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2000, mostra que menos de 4,5% da população maringaense não têm religião — 60% são católicos, 18% são evangélicos e o restante é de outras religiões.


“O aluno que não quer fazer a disciplina assina um documento solicitando a dispensa. Por ser facultativo, as notas não são contabilizadas com as das outras matérias”, explica Ana Tereza Viana da Mata, coordenadora da Equipe de Ensino do NRE de Maringá. Ela destaca que o ensino religioso faz parte da matriz curricular e a maioria dos estudantes opta por fazer porque considera que ela é uma continuidade das aulas de história.

Ana Tereza enfatiza o aspecto científico e não doutrinário da disciplina: “Assim como resgatamos a sociologia e a filosofia, o ensino religioso é importante porque tem caráter científico”. A chefe do núcleo, Adelaide Colombari, diz que incentiva os alunos a cursarem a matéria. “Acho necessário e muito importante o conhecimento da religiosidade”. O núcleo oferece formação para professores de ensino religioso.

A rede municipal também oferece educação religiosa, mas quando o aluno opta por cursar a matéria, as escolas enfrentam dificuldades “A maioria dos alunos não faz esta disciplina, mas quando querem cursá-la precisamos providenciar o professor, pois não dispomos de profissionais preparados para esta disciplina”, afirma Pedrina Duarte Ticianeli, diretora da Secretaria Municipal de Educação de Maringá. Segundo ela, muitos pais ainda confundem ensino religioso com doutrinação religiosa.


Doutrinação

Os colégios confessionais (que confessam uma fé) destacam que os conceitos éticos são as bases da disciplina, evitando-se a doutrinação religiosa. Diretores e coordenadores dizem que não se trata da pregação de uma determinada fé, mas sim o conhecimento científico das várias religiões que existem no mundo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê o ensino religioso como facultativo para os estudantes, mas não determina se ele deve ser cristão ou não. O Brasil é um País laico e assim fica por conta das secretarias estaduais de Educação regulamentarem o ensino religioso nas escolas públicas — as particulares podem adotá-lo ou não. Em Maringá, as redes estadual e municipal oferecem a disciplina.

“O conteúdo do ensino religioso é diferente da catequese”, explica Anna Thereza Valias Meira, diretora do Colégio Santa Cruz, ligado à Igreja Católica. O ensino religioso, segundo ela, é feito de maneira pluralista e ecumênica, respeitando as diferenças religiosas.

“O objetivo é levar ao conhecimento dos alunos as diversas religiosidades e ensiná-lo a ter um espírito de tolerância em relação à religião do outro”. A disciplina, segundo ela, é tratada de forma científica: “O conteúdo vê diversas religiões, como o bramanismo, hinduísmo, cristianismo, islamismo, judaísmo, evangélicos, entre outros”.


Diferenças

Anna Tereza frisa que o mais importante é que as pessoas saibam diferenciar a catequese do ensino religioso. “A catequese acontece nas paróquias, onde se aprende a doutrina católica. Já nas escolas, o ensino religioso é uma disciplina como as outras”. O objetivo, segundo ela, é oferecer o aprendizado de valores éticos, independente da religião de cada um. “São valores que permeiam todas as filosofias religiosas e norteiam a vida de cada um”.

A professora de ensino religioso, Maria Alice Tissei, que pertence à Pastoral da Educação do Colégio Santa Cruz, destaca que “religiosidade é a busca do transcendental, pelo homem, independentemente da religião”. Ela também explica a diferença entre a formação ética, proposta no ensino religioso, e a moral.

“A ética — segundo Anna Thereza — é um valor universal, como a honestidade, por exemplo. Já a moral está ligada aos costumes, é cultural”. Um exemplo é a bigamia aceita em alguns países e rejeitada em outros. O Santa Cruz tem aproximadamente mil alunos e, conforme a diretora, 10% são evangélicos e 90% são católicos.


Adventista

A diretora do Colégio Adventista, Ana Amélia do Nascimento, também afirma que o ensino religioso preza pela formação de valores morais e éticos. “Ele não é focado em uma religião específica nem em formação de doutrina”. Em sua avaliação, a base religiosa estrutura os alunos para a vida. “Nosso alunos são pensantes, têm uma visão crítica e iniciativa”, destaca .

Segundo ela, os estudantes que têm formação religiosa evitam o envolvimento com drogas. “O ensino é feito com base na Bíblia, para a formação de caráter e valores morais”. O Colégio Adventista tem 700 alunos matriculados em grades curriculares que vão da educação infantil ao ensino médio e, segundo Ana Amélia, 20% são adventistas.
Fonte: O Diário Online, reportagem de Vanda Munhoz

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