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sábado, 29 de agosto de 2009

Cientistas de Israel mostram ser possível forjar provas de DNA

Técnica mina credibilidade do que foi considerado o mais alto padrão de evidência em casos criminais

Cientistas em Israel demonstraram que é possível fabricar provas de DNA, minando a credibilidade do que foi considerado o mais alto padrão de evidência em casos criminais.

Os cientistas fabricaram amostras de sangue e saliva contendo DNA de uma pessoa diferente do doador. Eles também mostraram que, se tivessem acesso a um perfil de DNA num banco de dados, poderiam construir uma amostra de DNA para combiná-la a esse perfil sem obter qualquer tecido da pessoa.

“Você pode simplesmente projetar uma cena de crime”, disse Dan Frumkin, principal autor do trabalho, publicado online pelo jornal Forensic Science Inter­­na­­tional: Genetics. “Qualquer estudante de biologia poderia fazer isso”. Frumkin é um dos fundadores da Nucleix, empresa baseada em Tel Aviv responsável pelo de­­senvolvimento de um exame ca­­paz de distinguir amostras de DNA falsas e verdadeiras – e espera vendê-lo a laboratórios forenses.


A possibilidade de plantar evidências de DNA numa cena do crime é apenas uma das implicações da descoberta. Outra seria uma potencial invasão de privacidade.

Usando algumas das mesmas técnicas, pode ser possível obter o DNA de qualquer um, de um co­­po descartável ou filtro de cigarro, e transformá-lo numa amostra de saliva – que poderia ser sub­­metida a uma empresa de exames genéticos, e usada para medir ancestralidade ou o risco de contrair várias doenças.

Celebridades podem passar a temer “paparazzi genéticos”, disse Gail H. Javitt, do Genetics and Public Policy Center, na Uni­­ver­­sidade Johns Hopkins. Tânia Si­­moncelli, conselheira científica da União Americana de Liber­­da­­des Civis, disse que a descoberta é preocupante. “Numa cena do crime, é muito mais fácil plantar DNA do que impressões digitais”, explicou. “Es­­ta­­mos criando um sistema de justiça criminal cada vez mais de­­pendente dessa tecnologia”.

John M. Butler, líder do projeto de testes de identidade humana, no Instituto Nacional de Pa­­drões e Tecnologia dos EUA, afirmou estar “impressionado com o quão bem eles eram capazes fabricar os perfis falsos de DNA”. Entretanto, ele acrescentou, “ima­­gino que o criminoso comum não seria capaz de fazer algo assim”.

Os cientistas fabricaram amostras de DNA de duas maneiras. Uma exigia uma amostra real, mesmo que minúscula, de código genético, talvez extraída a partir de um fio de cabelo ou de um co­­po descartável. Eles amplificaram a pequena amostra numa grande quantidade de DNA, utilizando uma técnica padrão chamada amplificação de genoma total.

Obviamente, um copo descartável ou um fio de cabelo poderiam, por si só, ser deixados numa cena do crime para incriminar alguém, mas sangue ou saliva seriam mais críveis.

Os autores do artigo extraíram sangue de uma mulher e o centrifugaram para remover os glóbulos brancos, que contêm DNA. Aos glóbulos vermelhos restantes, eles adicionaram o DNA amplificado a partir do cabelo de um homem. Como glóbulos vermelhos não contêm DNA, todo o material genético na amostra de sangue era do homem. Os autores a enviaram ao principal laboratório forense dos Estados Unidos, que a analisou como se fosse uma amostra comum do sangue de um homem.

A outra técnica se baseava em perfis de DNA, armazenados em bancos de dados policiais como uma série de números e letras cor­­respondentes a variações em 13 pontos do genoma de uma pessoa.

Partindo de uma amostra coligada do DNA de diversas pessoas, os cientistas clonaram pequenos fragmentos de código genético, representando as variantes co­­muns de cada ponto, criando uma biblioteca desses fragmentos. Para preparar uma amostra de DNA que combinasse com algum perfil, eles simplesmente misturaram os fragmentos apropriados. Eles disseram que uma biblioteca de 425 fragmentos distintos de DNA seria suficiente para cobrir todos os perfis concebíveis.

O exame da Nucleix, para di­­zer se uma amostra foi fabricada, baseia-se no fato de que o DNA amplificado – usado nas duas induções – não é metilado, significando que lhe faltam certas mo­­léculas ligadas ao DNA em pontos específicos, geralmente a genes inativos. Fonte: Gazeta do Povo

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