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domingo, 14 de junho de 2009

Após eleição, partidários e opositores de Ahmadinejad tomam ruas de Teerã


Partidários e oponentes do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foram às ruas de Teerã (capital do país) neste domingo, dando força ao conflito político exposto por uma eleição presidencial disputada que deu a vitória ao ultraconservador.

Iraniano mostra foto de Mahmoud Ahmadinejad durante manifestação em favor do presidente reeleito com 62% dos votos
Ahmadinejad, que venceu as eleições com 62,6% dos votos, acenou e sorriu para dezenas de milhares de seus partidários que se reuniram na praça Vali e Asr, na capital iraniana, para celebrar sua vitória.

Já os partidários de seu principal rival, Mir Hossein Mousavi, um moderado que classificou a reeleição de Ahmadinejad como uma "piada perigosa", se reuniram mais cedo no centro da cidade, gritando seu nome e jogando pedras em policiais.

A polícia usou motocicletas para dispersar a multidão de manifestantes. Ao menos uma pessoa, uma mulher, ficou ferida. Jornalistas que filmavam a violência também foram detidos.

Cerca de dois mil estudantes, alguns carregando fotos de Mousavi, outros cobrindo o rosto com bandanas, gritaram slogans anti-governo e provocaram a polícia na Universidade de Teerã.

Abdul Reza, 26, que estava do lado de fora dos portões da universidade e acompanhou a ação da polícia contra a multidão, disse que Mousavi "é o verdadeiro presidente do Irã". "Ahmadinejad não venceu a eleição".

Real e livre

Ben Curtis/AP

Mahmoud Ahmadinejad, presidente reeleito do Irã, concede entrevista coletiva e diz que eleição de sexta-feira foi "real e livre"
Em uma entrevista concedida hoje, Ahmadinejad disse que sua reeleição foi "real e livre" e não pode ser questionada. "A eleição [realizada na sexta-feira, dia 12] irá aumentar o poder da nação no futuro", disse.

Muitos jornalistas iranianos parabenizaram Ahmadinejad pela vitória antes de fazer suas perguntas. Quando questionado sobre as alegações de irregularidades, o presidente afirmou que elas não são importantes.

"Alguns acreditavam que iriam vencer, e então ficaram zangados. Isso não tem credibilidade legal. É parecido com os sentimentos depois de uma partida de futebol, e não são importantes do meu ponto de vista", afirmou. "A diferença entre meus votos e os dos outros é muito grande e ninguém pode questionar isso."

Ahmadinejad também acusou a imprensa internacional de lançar uma "guerra psicológica" contra o país.

Questionado sobre o programa nuclear iraniano, Ahmadinejad disse que esse debate "pertence ao passado", e afirmou que o Irã "abraçou" a ideia de um esforço internacional para eliminar armas nucleares.

Prisões

A polícia iraniana deteve dezenas de opositores após os violentos protestos ocorridos neste sábado (13) em Teerã contra a reeleição de Ahmadinejad.

Entre os detidos --todos seguidores do candidato derrotado, o reformista e ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi-- estão algumas pessoas que tiveram cargos importantes no governo do ex-presidente Mohammad Khatami, incluindo o irmão dele, Mohammad Reza Khatami.

Além disso, foram levados para a prisão os jornalistas pró-reformistas Mustafa Tayezadeh e Dehzad Nabavi, e os políticos da mesma tendência Amin Sadeh e Said Shariati.

A mulher de Mousavi, Zahra Rahnavard --que teve um papel importante na campanha do marido--, negou que ele tenha sido detido. "O povo iraniano votou para tirar Ahmadinejad, mas esse voto se tornou um voto que solidificou Ahmadinejad. A população está cansada da ditadura. Cansada de não ter liberdade de expressão, cansada de uma taxa alta de inflação, e de aventurismo em relações externas. É por isso que eles quiseram tirar Ahmadinejad", disse à agência de notícias Reuters.

Mousavi rejeitou a vitória do presidente, dizendo que ela foi alcançada com uma manipulação de votos que "põe em perigo os pilares da República Islâmica e irá estabelecer a tirania".

O Ministério do Interior rebateu as acusações de fraude e o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu à população que o apoiem o presidente reeleito.

Hoje Mousavi anunciou que apresentou ao Conselho dos Guardiães --entidade encarregada de confirmar a validade das eleições-- o pedido de anulação do pleito.
Fonte: Folha Online

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